No próximo dia primeiro de maio de 2025, chega ao fim o contrato de locação da Câmara de Vereadores com a BERTT Administração de Bens Próprios, empresa locadora da sala onde atualmente funciona o legislativo douradense de forma improvisada.
Ao todo, a Câmara de Vereadores desembolsou R$ 1.516.585,30 (um milhão quinhentos e dezesseis mil quinhentos e oitenta e cinco reais e trinta centavos) nos cofres públicos para pagar o aluguel e despesas nos últimos 24 meses.
Entre os escândalos envolvendo a política de Dourados, certamente, o fracasso da "reforma da câmara" chama muito a atenção de quem acompanha a política douradense. O projeto, anunciado como um marco histórico de transparência e renovação do espaço legislativo, virou sinônimo de atraso, desperdício e má gestão dos recursos públicos.
O Plantão do MS entrou em contato com membros da mesa diretora e soube que nesta quarta-feira, às 10h uma reunião definirá o futuro da Câmara que segundo o Vereador Rogério Yuri (PSDB), primeiro secretário da Câmara de Vereadores, tende a renovar o contrato.
O vereador Márcio Pudim (PSDB), também atendeu a reportagem e afirmou que amanhã será discutido com a presidente Liandra Ana Brambilla (PSDB). O vice-presidente da casa, Vereador Inspetor Cabral (PSD) respondeu que o assunto seria tratado em reunião e que analisará o contrato, bem como o aditivo.
Dezembro de 2022 — A Promessa
A Câmara de Dourados realiza a primeira licitação para a reforma completa e ampliação da sede. A empresa vencedora, Projetando Construtora & Incorporadora Ltda., firma contrato de R$ 17,2 milhões com previsão de conclusão em 12 meses. O projeto prometia modernizar a estrutura preservando elementos históricos.
Março de 2023 — A Mudança para o Shopping
Com o início previsto das obras, os vereadores deixam o Palácio Jaguaribe e se transferem para uma sede provisória dentro do Shopping Avenida Center, onde ocupam um espaço alugado por R$ 63 mil mensais, em contrato de dois anos. A expectativa era retornar à sede original em 2024.
Maio de 2023 — A Descoberta da Fraude
Após uma denuncia do farmaceutico Racib Panage Harb, foi constatado que a empresa contratada utilizou documentos falsificados para vencer a licitação. Diante das evidências, a reforma foi suspensa e a Câmara iniciou um processo para anulação do contrato.Com sede em Coxim (MS), a empresa venceu a licitação e chegou a iniciar a obra, mas procedimento aberto pela Câmara comprovou o uso de certidões falsas. Uma ação para que a Projetando devolva em torno de R$ 600 mil ao cofre municipal a título de ressarcimento está em andamento na Justiça.
Junho de 2023 — O Fim do Primeiro Contrato
O contrato com a Projetando Construtora é cancelado oficialmente. Até então, mais de R$ 185 mil já haviam sido pagos, e os prejuízos acumulados (incluindo laudos, desmontes e estrutura provisória) ultrapassavam R$ 500 mil.
A Câmara tenta retomar o projeto e publica nova concorrência pública. A iniciativa ocorre em meio à desconfiança da população e sob a pressão de uma opinião pública cansada de escândalos no legislativo.
A empresa Concresul Engenharia e Construções Ltda., de Rondonópolis (MT), vence a nova licitação por R$ 18,6 milhões — valor superior ao primeiro. Com novo prazo de 12 meses para conclusão, as obras ainda engatinham no papel e, até abril de 2025, não apresentam sinais consistentes de avanço.
Apesar das promessas de recomeço a obra segue como um grande "elefante branco" no coração do legislativo douradense. Os gastos continuam pesando nos cofres públicos, com a manutenção da sede provisória, novos contratos e a ausência de qualquer entrega concreta à população.
Enquanto isso, os vereadores seguem legislando em um ambiente improvisado, desconectado da história e da identidade da Câmara.