Marcelo Camargo/Agência Brasil.
Em 8 de janeiro de 2023, o Brasil assistiu, estarrecido, à tentativa de ruptura da ordem democrática por meio da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes da República, em Brasília. Não se tratou de um protesto, tampouco de um ato isolado de vandalismo — foi um ataque articulado contra as instituições, contra o Estado de Direito e contra a própria soberania popular.
Os atos golpistas de 8 de janeiro resultaram em prejuízos que ultrapassam a casa dos R$ 20 milhões. Os gastos levam em conta ações cometidas contra obras artísticas e estruturas das sedes dos Três Poderes, em Brasília.Esquecer o que aconteceu é abrir espaço para que aconteça de novo. A história mostra que democracias não morrem de uma vez — elas são corroídas lentamente, com concessões a discursos autoritários, normalizações de ataques institucionais e o enfraquecimento da responsabilização.
A destruição causada por manifestantes golpistas gerou um prejuízo estimado em mais de R$ 20 milhões, segundo levantamentos oficiais da União. Dinheiro que poderia ser investido em saúde, educação, segurança ou infraestrutura básica, mas que foi desviado para reparar o estrago causado por um ataque que partiu da desinformação e do desprezo pelas instituições.
Na Câmara dos Deputados, só as perdas com equipamentos de informática somam R$ 2,13 milhões.Mas a conta fica ainda maior. A revitalização da maior parte de peças do Palácio do Planalto não foi contabilizada. Enquanto isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) lidera os gastos, em uma conta que passa dos R$ 12 milhões.
O Congresso Nacional, por sua vez, teve gastos que superam os R$ 6,7 milhões. Tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado tiveram peças artísticas afetadas. Na Casa Alta, um painel em madeira com figuras do artista plástico Athos Bulcão foi alvo de danos por estilhaços de vidros.
A tapeçaria de Burle Marx, de 1973, que fica no Salão Negro, também foi vandalizada. Devolvida ao Congresso em outubro, a obra teve um custo de R$ 250 mil. Ela havia sido arrancada da parede e suja com urina e pó de extintor de incêndio.