Silencioso, sutil e muitas vezes disfarçado de produtividade ou entretenimento, o vício em tecnologia já é considerado por especialistas como um dos grandes desafios de saúde mental do século XXI. Ao mesmo tempo que os avanços digitais nos conectam, nos informam e facilitam a vida cotidiana, eles também estão alterando profundamente a maneira como nosso cérebro funciona — e nem sempre para melhor.
Basta observar uma sala de espera, uma mesa de jantar ou até o banco da escola: as telas estão por toda parte. Em média, um adulto brasileiro passa mais de 9 horas por dia em frente a dispositivos eletrônicos, segundo dados da We Are Social. Entre os adolescentes, esse número pode ser ainda maior.
O que parece inofensivo — checar redes sociais, responder mensagens, assistir a vídeos curtos — ativa no cérebro os mesmos circuitos de recompensa envolvidos em vícios como jogos de azar ou substâncias químicas
Estudos mostram que o consumo prolongado de conteúdo digital, especialmente de forma fragmentada e acelerada (como no TikTok, Instagram Reels ou YouTube Shorts), pode afetar a capacidade de concentração, memória de curto prazo e regulação emocional. O cérebro, adaptável por natureza, começa a se reprogramar para funcionar em ritmo de hiperestimulação.
O impacto é ainda mais preocupante entre crianças e adolescentes. Em fase de desenvolvimento cerebral intenso, eles são especialmente sensíveis aos estímulos digitais. Sem uma educação digital adequada, muitos acabam crescendo com dificuldades para manter relações presenciais, lidar com frustrações e se desconectar do mundo virtual.
Apesar da gravidade da situação, o debate sobre educação digital ainda engatinha no Brasil. Escolas, em sua maioria, não abordam o tema de forma estruturada. Pais e responsáveis muitas vezes desconhecem os riscos ou não sabem como impor limites em um mundo cada vez mais conectado.
A tecnologia, quando bem usada, pode ser uma grande aliada — mas, como qualquer ferramenta poderosa, requer responsabilidade e consciência. Estabelecer limites de tempo de tela, incentivar atividades fora do ambiente digital, promover o uso criativo e educativo da internet são passos essenciais para retomar o equilíbrio.
O vício em tecnologia pode ser silencioso, mas seus efeitos já fazem barulho na saúde mental e no cotidiano de milhões. E talvez o primeiro passo para enfrentá-lo seja simples: parar, respirar e olhar ao redor — sem uma tela entre você e o mundo.
Matéria feita com auxílio de IA.