Mulheres ainda têm pouca representação em cargos-chave nos partidos, apontam especialistas e parlamentares

Por Larissa Pedrozo em 12/03/2025 às 10:28:50

Mulheres ainda tĂȘm pouca representação em cargos-chave nos partidos, apontam especialistas e parlamentares

Aumentar a participação feminina no comando das siglas é um dos principais desafios da democracia brasileira. Entre os 10 partidos com maior representatividade na Câmara dos Deputados, oito não alcançam nem 30% de presença feminina em suas executivas nacionais.

Mesmo com avanços na legislação eleitoral para garantir maior presença feminina na política, a ocupação de cargos de liderança dentro dos partidos ainda é um obstĂĄculo significativo para as mulheres. Segundo especialistas e parlamentares, essa baixa representatividade impacta diretamente a formulação de políticas públicas voltadas para a equidade de gĂȘnero e o fortalecimento da democracia.

Dados preocupantes

Levantamento feito com base na composição das executivas nacionais dos partidos políticos aponta que, entre as 10 legendas com maior número de cadeiras na Câmara dos Deputados, apenas duas possuem mais de 30% de mulheres em sua direção. Algumas siglas não chegam nem a 20% de representatividade feminina.

Esse cenĂĄrio reflete um problema estrutural na política brasileira. Apesar de as mulheres representarem mais de 50% da população e do eleitorado, a ocupação de espaços decisórios dentro das próprias legendas ainda é limitada. "Sem mulheres nas instâncias de decisão, a formulação de políticas públicas tende a ignorar questões fundamentais para a igualdade de gĂȘnero", alerta a cientista política Maria Helena Soares.

Barreiras estruturais

Entre os fatores que dificultam a ascensão das mulheres na política, especialistas apontam a cultura patriarcal, a falta de apoio partidĂĄrio e o financiamento desigual das campanhas eleitorais. "Muitas mulheres enfrentam resistĂȘncia dentro dos próprios partidos, que ainda favorecem candidaturas masculinas, principalmente nos cargos de liderança", explica a deputada federal Ana Oliveira.

Além disso, a violĂȘncia política de gĂȘnero tem sido um entrave para a participação feminina. A exposição nas redes sociais, ataques misóginos e a descredibilização pública de mulheres na política são obstĂĄculos que desestimulam candidaturas e dificultam a permanĂȘncia delas no cenĂĄrio político.

O que pode mudar?

Para especialistas, algumas medidas são essenciais para garantir maior representatividade feminina nos partidos políticos. Entre elas, destacam-se:

  • Cumprimento efetivo da cota de gĂȘnero nas executivas partidĂĄrias, garantindo no mínimo 30% de mulheres nesses espaços;

  • Maior financiamento de campanhas femininas, com distribuição equitativa dos recursos do fundo eleitoral;

  • Combate à violĂȘncia política de gĂȘnero, com medidas de proteção e punição a agressores;

  • Formação e incentivo a novas lideranças femininas, promovendo capacitação e suporte a mulheres interessadas em ingressar na política.

A deputada estadual Carolina Mendes ressalta a importância do engajamento feminino: "As mulheres precisam ocupar esses espaços de poder para que possamos ter uma democracia mais justa e representativa".

Enquanto a sub-representação feminina persistir dentro das estruturas partidĂĄrias, o desafio da igualdade política continuarĂĄ sendo um dos maiores entraves para a democracia brasileira.

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