Em Caarapó, João Paulo (PP) fala sobre seu primeiro mandato e os desafios de presidir a Câmara de Vereadores

O Plantão do MS esteve na sede do legislativo da cidade de Caarapó para conversar com o vereador e presidente da Câmara João Paulo Farias da Silva, o João Paulo do Dinho (PP) , um dos sete novos vereadores eleitos para a legislatura que começou no ano de 2025.

Aos 32 anos, João Paulo conquistou uma vaga no legislativo caarapoense e falou sobre suas origens, sua trajetória e alguns desafios que o município enfrenta já nos primeiros meses do ano.

Confira a entrevista:

Presidente, este é seu primeiro mandato e já emplacou a presidência da Câmara, como foi essa articulação?

Olha Mariana, primeiro, agradeço o interesse e a oportunidade. Bem, sou nascido em Caarapó mas minha família está no distrito de Cristalina, aliás, dos vereadores eleitos eu sou o único representante dos distritos. Sempre fui muito ativo na política, fui presidente de associação de moradores, sempre construí interlocuções com deputados e essa foi a minha terceira campanha, onde, graças a Deus conseguimos, com o apoio da população, uma cadeira na Câmara de Caarapó. Elegemos sete novos representantes e todos os novos membros queriam um novo nome na presidência do legislativo, fui procurado e coloquei meu nome a disposição. Agora, neste começo, estamos entendendo a dinâmica e os procedimentos da casa, toda a conjuntura, pois o cargo requer o cuidado com todos os que foram eleitos. Cada qual com sua bandeira e seu direito de exercer seu mandato.

Presidente, como você está observando o início dos trabalhos em Caarapó, afinal, apesar do fim das eleições terem acontecido em 6 de outubro, a população assistiu uma sequência de troca de rusgas entre a atual gestão e a passada. O final da quinzena gerou muita polêmica, além disso, já foi escolhido um nome para a liderança do governo na câmara?

A Prefeita Lurdes já está avaliando os nomes e deve anunciar nos próximos dias quem será o seu líder na casa. A escolha é muito importante para um melhor funcionamento dos trabalhos legislativos, afinal, o líder tem como objetivo ser uma ponte entre o poder executivo e legislativo. A mim, cabe sempre chamar a mesa diretora para o diálogo e debate. Se em 2024 a população, lá nas eleições, optou pela mudança, nós precisamos responder a altura. Eu acredito que alguns servidores ainda estão confusos, mas é uma questão de tempo até que todos compreendam a medida como algo que faz parte da saúde financeira do município. Agora, todo ato financeiro deve ser informado em tempo real ao Tribunal de Contas, pois tivemos que aderir ao sistema e-sfinge, então, o pagamento quinzenal não pode mais ser feito. Aqui na câmara, também havia o hábito da quinzena, então convidei os servidores e avisei previamente a mudança da forma do pagamento, assim, eles puderam assimilar e se organizar.

Presidente, sobre o adiamento do início das aulas na rede municipal de Caarapó. Mais uma vez, a grande questão foi a comunicação em cima da hora. Faltando 3 dias para o início das aulas, foi emitido um comunicado no site oficial da prefeitura anunciando que as aulas da rede municipal seriam adiadas para 6 de março. Como você avalia a situação?

Então Mariana, esse foi um outro erro da gestão municipal, confesso a você que nós da casa só soubemos do adiamento das aulas através do site da prefeitura municipal. Vale destacar que existem motivações muito plausíveis para o adiamento, no entanto, o legislativo, se comunicado com antecedência pode colaborar com a comunicação para que todos entendam os motivos. A educação é uma das áreas mais sensíveis de um município, afinal, trata-se da vida das crianças, então é preciso ter tato. No distrito de Cristalina, por exemplo, temos um apego enorme aos professores, afinal, são eles as grandes referências dos alunos em uma realidade de interior. Estamos vendo uma certa dificuldade de diálogo com a secretaria de educação, isso tem gerado alguns transtornos, mas eu sei que tudo pode ser resolvido com boa vontade e transparência.

Presidente, não podemos deixar de falar sobre o fato do primeiro do primeiro feminicídio do ano ter acontecido em Caarapó. Um crime que chocou toda a cidade e que segue abalando muita gente. Como você avalia a situação?

Aqui na casa, atualmente, temos apenas uma mulher eleita, a vereadora Marinalva, a quem tenho grande respeito. Diante deste feminicídio me reuni com ela e também com os demais vereadores para encaminhamentos. Afinal, precisamos mais do que reuniões e papéis. Vamos marcar uma audiência pública com o Secretário de Segurança do estado, para entender quais serão as medidas de segurança para a prevenção de casos aqui no interior. Dias depois de Karina e Aline, a jornalista Vanessa também foi vítima em Campo Grande, o que gerou grande comoção, mas precisamos de medidas que interiorizem a segurança pública para todas as mulheres, inclusive nas aldeias. Acredito que aqui na Câmara de Caarapó devemos nos debruçar sobre a possibilidade de instaurar uma Casa Rosa, fortalecendo assim a rede de atendimento, para que mulheres tenham no poder legislativo uma opção para denunciar e buscar apoio. Nós, legisladores, precisamos colocar a defesa da vida das mulheres em pauta. Nosso efetivo policial está baixo e apesar de ser uma Companhia Independente, não tem prédio. Não podemos esperar mais mulheres perderem a vida.

Presidente e quais são os pontos mais importantes para sua gestão à frente da Câmara de Caarapó?

Olha, primeiro, quero promover maior transparência das contas da câmara, garantindo que a população entenda o que está acontecendo e que tenha respeito pelo poder legislativo. Acredito que um dos pontos mais importantes para a minha gestão e consequentemente atuação do legislativo será a fiscalização de obras inacabadas. Precisamos finalizar obras como a do Hospital São Mateus, não podemos nos furtar de buscar este resultado, ou seja, buscar a finalização e entrega deste estabelecimento de saúde. Escolas em construção também precisam ser fiscalizadas e finalizadas o quanto antes. Além disso, quero construir uma gestão marcada pela participação popular, trazendo as pessoas para a câmara, afinal, somos a "casa do povo".