Originalmente apresentada em outubro do ano passado, a PEC passou os Ășltimos meses em debate entre governo federal e estaduais e agora estĂĄ em anĂĄlise na Casa Civil da PresidĂȘncia, antes de ser enviada ao Congresso Nacional. A nova versão do texto reforça a autonomia dos governadores no que diz respeito ao comando das polĂcias civis, militares e dos corpos de bombeiros militares.
"Muitas vezes, os governadores não querem [atuação da União na segurança pĂșblica] porque a polĂcia é um pedaço do poder do estado e, muitas vezes, os governadores não querem que o governo federal se intrometa na segurança dos estados", disse Lula em entrevista à RĂĄdio Tupi FM, do Rio de Janeiro."De vez em quando, eles [governadores] pedem que eu faça uma GLO. Eu não vou fazer GLO, porque a GLO que foi feita no Rio de Janeiro, o governo federal gastou mais de R$ 2 bilhões e não resolveu quase nada. Então, o que nós queremos é participação ativa de forma a ter uma ação complementar com o governador do estado e resolver definitivamente a questão da segurança", explicou.
Em 2018, o governo federal fez uma intervenção no Rio de Janeiro, com a utilização de efetivos das Forças Armadas no policiamento do estado.
"Nós, então, vamos mandar essa PEC para definir claramente o papel da União na participação da segurança pĂșblica. Até onde a gente pode ir, até onde pode se intrometer, aonde que a PolĂcia Federal pode agir, aonde que a gente pode ter a Força Nacional participando, nós estamos criando um fundo para que a gente possa ajudar tanto ao funcionamento da polĂcia como o fundo penitenciĂĄrio, porque nós queremos ter uma participação mais efetiva e mais forte na segurança de cada estado", disse Lula.
Neste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF), começou a julgar definitivamente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n° 635, conhecida como ADPF das Favelas e, na ação, jĂĄ determinou medidas para redução da letalidade durante operações em comunidades da capital fluminense.
Para o problema, o presidente defendeu a utilização de câmeras corporais pelos policiais militares. "Qualquer medida que tomar, nós temos que ter cuidado porque a gente não pode entrar na favela só para matar as pessoas. Queremos que os policiais entrem com câmera para gente saber se ele vai ser violento ou não antes de tentar qualquer coisa. O tiro tem que ser a Ășltima coisa que a gente tem que fazer", disse.
"Agora, se for necessĂĄrio, no tiroteio, alguém vai que morrer e a gente não pode só culpabilizar a polĂcia. Eu quero dizer que nós estamos extremamente interessados em resolver esse problema da segurança no Brasil inteiro. Para isso, nós precisamos aprovar a PEC", reforçou.
Um relatório divulgado na semana passada pelo Instituto Fogo Cruzado revela que municĂpios da região metropolitana do Rio de Janeiro vivem uma escalada da violĂȘncia neste inĂcio de ano, com aumento no nĂșmero de tiroteios, mortos, feridos, vĂtimas de balas perdidas e baleados em roubos.
"Nós não podemos permitir que esse bangue-bangue continue existindo no Rio de Janeiro. Nós não podemos permitir. Eu acho que nós não podemos ter polĂcia só para entrar na favela, para atacar, para matar ou para atirar. É preciso que a polĂcia esteja constantemente participando da vida cotidiana da favela. E é isso que nós queremos aprovar nessa PEC, qual o papel do estado?", acrescentou Lula na entrevista.
Fonte: AgĂȘncia Brasil