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O que pode estar por trás de decisão da Meta de abandonar checagem independente de fatos

Por Redação em 09/01/2025 às 08:11:21

Segundo Mark Zuckerberg, o novo modelo aposta na moderação colaborativa, onde os próprios usuários poderão adicionar notas explicativas às postagens.


A Meta anunciou uma mudança significativa em sua política de moderação de conteúdo ao abandonar a checagem independente de fatos no Facebook e no Instagram. A partir de agora, as plataformas utilizarão "notas da comunidade", um sistema que permite aos usuários adicionar informações complementares a postagens, seguindo um modelo semelhante ao adotado pelo X, de Elon Musk.

O anúncio foi feito por Mark Zuckerberg, presidente-executivo da Meta, em um vídeo publicado no blog da empresa na terça-feira (7). Ele justificou a decisão afirmando que os moderadores profissionais utilizados até então eram "politicamente tendenciosos" e que o momento exigia um retorno às "raízes da liberdade de expressão".

A mudança gerou reações diversas. Grupos conservadores e apoiadores do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, celebraram a medida, vendo nela um esforço para reduzir o que chamam de "censura" nas plataformas. Analistas, no entanto, interpretaram o movimento como uma tentativa de alinhamento estratégico com a administração Trump, que toma posse em 20 de janeiro.MPF questiona Meta sobre o fim da checagem de conteúdo em suas redes | Radioagência Nacional

Realinhamento político e aproximação de Trump

O contexto político é inescapável. Nos últimos meses, Zuckerberg buscou estreitar relações com Trump, incluindo um jantar em Mar-a-Lago, residência do presidente eleito, em novembro de 2024. A Meta também doou US$ 1 milhão para o fundo de celebração da posse presidencial.

Além disso, a empresa anunciou mudanças em sua equipe de liderança. Joel Kaplan, ex-vice-chefe de gabinete de George W. Bush e conhecido por sua proximidade com os republicanos, substituiu Nick Clegg como responsável pela política global da Meta. A nomeação de Dana White, presidente do UFC e apoiador de longa data de Trump, para o conselho administrativo da empresa reforça o movimento estratégico.

Especialistas acreditam que essas ações são uma resposta às pressões antitruste enfrentadas pela Meta e outras gigantes da tecnologia. A empresa está sob investigação da Comissão Federal de Comércio (FTC) por supostas práticas monopolistas, e analistas como Donald MacKenzie, sociólogo da Universidade de Edimburgo, afirmam que a Meta busca evitar atritos com a nova administração, que pode influenciar o andamento dessas ações.

Críticas e riscos

A decisão da Meta foi amplamente criticada por especialistas e defensores de regulamentações mais rígidas sobre desinformação. Ava Lee, do grupo Global Witness, classificou a mudança como "prejudicial" e um movimento explícito para agradar Trump. Vivian Schiller, do Aspen Digital, afirmou que a medida representa um "movimento político" evidente, dado o retorno de Trump ao poder e suas frequentes críticas à moderação de conteúdo nas redes sociais.

Schiller ressalta que a mudança pode amplificar o risco de desinformação, especialmente em um momento em que a polarização política e a circulação de notícias falsas estão em alta. O sistema de "notas da comunidade", embora promova uma abordagem colaborativa, pode ser vulnerável a abusos e manipulações por grupos organizados.

Implicações futuras

Para a Meta, o abandono da checagem de fatos e a adoção de um sistema descentralizado representam um marco em sua estratégia de moderação. No entanto, a mudança pode trazer desafios tanto na gestão de conteúdo quanto na reputação da empresa.

Especialistas apontam que o movimento reflete um momento de transformação não apenas para a Meta, mas para todo o setor de tecnologia, que tenta se ajustar às dinâmicas políticas globais e às pressões regulatórias. Resta saber se a aposta na liberdade de expressão como bandeira política será suficiente para manter a confiança de seus usuários e enfrentar os desafios legais e éticos que virão.

Fonte: Creative News

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