Na luta incansável contra a dor, Carolina Arruda, uma estudante universitária de 27 anos, tornou-se o rosto de uma batalha que muitos consideram a mais dolorosa que um ser humano pode enfrentar: a neuralgia do trigêmeo. Conhecida por provocar uma dor lancinante e debilitante, essa condição fez com que Carolina buscasse medidas extremas, incluindo uma campanha para financiar a eutanásia na Suíça, um país onde o procedimento é legal. Sua jornada ilustra a profundidade do sofrimento humano e o impacto de novas alternativas de tratamento.
Neuralgia do trigêmeo é uma condição neurológica rara e devastadora que afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensação no rosto. Essa dor é descrita como uma sensação de choque elétrico ou uma queimação intensa, que pode ser desencadeada por atividades cotidianas como comer ou até mesmo tocar o rosto. Para muitos, como Carolina, a dor é tão severa que pode levar a uma desesperada busca por soluções.
Após anos lidando com o tormento constante, Carolina tomou uma decisão radical: iniciar uma vaquinha online para custear a eutanásia na Suíça. A campanha rapidamente ganhou atenção e a indignação da comunidade médica levou a um novo rumo em seu tratamento. Médicos da Santa Casa de Alfenas, em Minas Gerais, ofereceram alternativas que poderiam proporcionar alívio real sem recorrer a medidas tão drásticas.
O novo plano de tratamento de Carolina inclui um procedimento inovador realizado no último sábado, 17 de agosto: a implantação de uma bomba de infusão intratecal de morfina. Esse dispositivo é inserido no abdômen da paciente e, através de um cateter, libera morfina diretamente no sistema nervoso central, focando diretamente nos receptores da dor. O diretor clínico da Santa Casa, Carlos Marcelo de Barros, explicou que essa abordagem é significativamente mais eficaz que os medicamentos orais, oferecendo alívio com doses muito menores.
"A bomba fornece uma liberação contínua de morfina, e doses adicionais podem ser administradas em momentos de crise. Embora ainda estejamos ajustando a dosagem, o objetivo é proporcionar o máximo de alívio possível com o mínimo de medicação", disse Barros. A bomba é programada para administrar morfina constantemente e em doses extras quando necessário, mas a equipe médica ainda está calibrando a dose ideal para Carolina.
Além da bomba de morfina, Carolina continua com eletrodos implantados na fase anterior do tratamento e está recebendo infusões contínuas de ketamina, lidocaína e metadona. O plano é reduzir gradualmente o uso desses medicamentos, concentrando-se apenas na bomba e nos eletrodos.
Apesar das melhorias, Carolina ainda enfrenta crises de neuralgia do trigêmeo, uma realidade que, segundo Barros, "é esperada e parte do processo de tratamento". O médico acrescenta que o objetivo é proporcionar um alívio significativo para melhorar a qualidade de vida da jovem, embora alguns desafios ainda possam surgir.
O caso de Carolina serve como um lembrete sombrio do impacto devastador da neuralgia do trigêmeo e da importância das alternativas de tratamento. A jornada da jovem não só destaca a luta pessoal contra uma dor insuportável, mas também a resposta da comunidade médica em oferecer novas esperanças e soluções.
Enquanto Carolina continua a trilhar seu caminho para o alívio, sua história ressoa como um apelo por mais pesquisas e opções de tratamento para aqueles que, como ela, vivem com a sombra da neuralgia do trigêmeo.